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Dia do Trabalhador: como guiar os filhos na escolha da profissão

29 de abril de 2022

Dia do Trabalhador: como guiar os filhos na escolha da profissão

29 de abril de 2022
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Dia do Trabalhador: como guiar os filhos na escolha da profissão

28/4/2022

A juventude é uma época de sonhos, certezas (e incertezas) e tentativas. A gente erra na busca pelo acerto. São experiências mágicas que moldam nosso caráter e personalidade para sempre, especialmente na adolescência. É nessa fase que começamos a pensar efetivamente no futuro, saindo um pouco da fantasia infantil do "o que você quer ser quando crescer".

Adolescer é também se questionar. "Onde vou morar? Com quem vou viver? Será que consigo tudo antes dos 30?". São perguntas cruéis para se fazer com tão pouca idade, pois não temos respostas concretas para absolutamente nada. Entretanto, é exatamente a época de decidir, com 16, 17 anos, o que faremos para o resto da vida. ENEM, vestibulares, etc.

Sob a ótica adulta, sabemos que não é bem assim. Sempre dá para mudar de rumo. Mas aos olhos do jovem, é uma decisão permanente e inflexível, por isso o medo de errar é tão grande. Em cima de todo esse peso, ainda há, em alguns casos, a pressão dos pais. Obviamente, todo papai e toda mamãe quer que a sua cria ganhe asas (fortes) - mais conhecidas como independência financeira - e ganhem o mundo.

Porém, o conflito chega nessa hora. Como conciliar os desejos dos pais, que são sempre os melhores, e os anseios do jovem? Hoje em dia, as relações até melhoraram um pouco. Quem tem mais de 30 anos com certeza se lembra bem da época que medicina e direito eram as únicas opções possíveis, mas ainda assim a gente insistia em mudar o rumo. Os futuros adultos de hoje já têm mais flexibilidade. De qualquer forma, os conflitos continuam...

Já que em maio é celebrado o Dia do Trabalhador (01.05), resolvemos trazer esta importante questão para a luz da discussão. Na posição de pais, como conversar com seus filhos e evitar conflitos, mas dando os melhores conselhos para que a profissão escolhida para o futuro seja financeiramente rentável e, ao mesmo tempo, traga prazer? Uma situação difícil, mas não impossível.

Convidamos Ana Cristina Medeiros, psicóloga, com vasta experiência em instituições de ensino de nível médio e superior para dar o seu parecer mais aprofundado sobre o assunto. Confira a conversa:

Capef - Na sua opinião, qual é o melhor caminho para os pais tratarem sobre o assunto "vida profissional" com os adolescentes?

Ana Cristina Medeiros - Os pais devem abordar o assunto com calma e paciência na hora do diálogo e da orientação com os filhos, especialmente pela ansiedade que eles naturalmente sentem para terminar o Ensino Médio e começar uma nova etapa em suas vidas. O primeiro passo é ajudá-los a entender seus interesses diante da profissão que almejam e se identificam, mas sempre com cuidado para não interferir nessa escolha. O caminho é construir um canal aberto com foco no acolhimento, sem minimizar o problema.

A empatia é fundamental para construir uma ponte sólida de comunicação. O papel dos adultos é se mostrarem como um verdadeiro suporte nos momentos de tensão e deixar claro que essa escolha não precisa ser definitiva, sempre é possível corrigir os rumos, caso não façam mais sentido. Caso o adolescente esteja com muitas dúvidas, é interessante buscar ajuda profissional, além de pesquisarem mais sobre a futura profissão e construir um roteiro de atividades que o façam conhecer mais sobre a futura rotina.

Capef - Como você acha que o assunto "profissão que dê dinheiro" deve ser conversado com os filhos? Existe uma maneira segura de falar que eles também pensem no viés financeiro?

Ana Cristina Medeiros - É necessário ter muita cautela para não tornar o assunto "independência financeira" uma obsessão. Nós, adultos, nem imaginamos, mas essa questão é algo constante na cabeça dos jovens. A estabilidade e um bom futuro são preocupações reais. Por vivermos em uma sociedade capitalista, o fator dinheiro é colocado automaticamente como um dos pontos principais nessa escolha - e eles já têm noção disso. Os adolescentes entendem que ter dinheiro significa conquistar sua independência, ter o status que almejam e a possibilidade de investir nos seus sonhos.

O contexto "ter é ser", invariavelmente, agrava a ansiedade dessas escolhas. É papel dos pais realizar uma orientação focada no amor e no respeito, explicando que, qualquer que seja a profissão escolhida, dedicação, empenho e responsabilidade devem ser os pilares principais para se destacar na sua área. Obviamente, em alguns trabalhos o retorno financeiro vem mais rapidamente, mas, no geral, as conquistas vêm devagar, no seu tempo. É deixar claro que todas as etapas devem ser vividas com calma, sem atropelos. A maneira mais segura é a orientação não invasiva, sempre.

Capef - O que NÃO se deve fazer na hora de falar sobre esse assunto?

Ana Cristina Medeiros - A primeira regra é nunca fazer comparativos desnecessários. A jornada dos pais foi feita de acordo com a sua personalidade e as suas escolhas. Nem de longe pode ser comparada com a jornada dos filhos. "Na minha época eu já possuía X, Y e Z" é uma frase com um potencial destrutivo enorme na cabeça do jovem. Deixar que o adolescente construa sua própria experiência é essencial. A segunda é jamais desmerecer as escolhas deles. Por mais que o pai seja muito bem sucedido e o filho escolha uma profissão que, aos olhos de outros, não pareça tão rentável no futuro, essa atitude gera uma baixa autoestima diante do seu próprio futuro.

A terceira é: se os pais não conseguiram alcançar seus objetivos, é um erro projetar isso nos filhos. Eles precisam trilhar seu próprio caminho, ter suas próprias frustrações e vitórias. É sentindo na pele que nos tornamos adultos mais fortes e com mais inteligência emocional. E, por último, talvez o maior erro, é desacreditar na capacidade do filho de fazer boas escolhas. Acredite: com a sua educação e os seus conselhos baseados no acolhimento, no amor e no aconselhamento positivo, a escolha deles vai ser a melhor possível!

Agradecemos à Ana Cristina Medeiros pelas suas colaborações. Além de psicóloga, ela é mãe de duas jovens que estão passando pelo período do adolescer e tomar decisões. Foram pareceres técnicos, porém embasados na prática diária.

A relação pode (e deve) ser mais leve. Conversar sobre escolhas e dinheiro com os jovens nunca é fácil, mas escolher o caminho da empatia é sempre a melhor decisão!

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