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Entrevista: Os investimentos em infraestrutura e o aprendizado com os FIPs

2 de julho de 2020

Entrevista: Os investimentos em infraestrutura e o aprendizado com os FIPs

2 de julho de 2020
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Entrevista: Os investimentos em infraestrutura e o aprendizado com os FIPs

1/7/2020

Entrevista publicada no blog da Abrapp

Em entrevista exclusiva ao Blog Abrapp em Foco, Luiz Paulo Brasizza, Diretor Vice Presidente da Abrapp, abordou a importância de se avançar com a análise dos investimentos em infraestrutura. O dirigente falou sobre a perspectiva de manutenção do patamar de juros muito baixos pelos próximos anos e as oportunidades oferecidas pelos projetos de infraestrutura no país.

Brasizza analisou também a necessidade de retomada da alternativa dos Fundos de Investimentos em Participações (FIPs), que passaram por uma fase importante de aprendizado nos últimos anos. “Houve um aprendizado nos últimos anos com os Fundos de Investimentos em Participações. Vale a pena voltar a olhar para este veículo. Os gestores e os novos FIPs que estão surgindo agora estão mais seguros”, disse. Ele ainda fez uma relação dos investimentos em saneamento básico com os critérios ASG (Ambientais, Sociais e de Governança). Leia a entrevista na íntegra:

Juros baixos por muito tempo
Estamos em um cenário de taxas de juros muito baixas. Está cada vez mais claro que estão em patamar reduzido e devem ficar assim por muito tempo, provavelmente nos próximos anos. É um patamar condizente com o crescimento da economia brasileira. Por outro lado, temos uma perspectiva de falta de recursos do governo para investimentos em infraestrutura no país. E o papel do financiamento dos projetos deverá ficar para a iniciativa privada. E aí o mercado de capitais terá um papel fundamental.

Necessidades atuariais
Nós como investidores institucionais temos um perfil de longo prazo, nossos planos têm necessidades de longo prazo. Então, surge a real possibilidade das entidades fechadas atuarem como os grandes financiadores de investimentos em infraestrutura para colaborar com o efetivo crescimento da economia do país. Além disso, temos necessidades de superar nossas metas atuariais, o que fica muito difícil apenas com os títulos públicos e com a renda fixa atualmente.

Fase de aprendizado com os FIPs
Houve um aprendizado nos últimos anos com os Fundos de Investimentos em Participações. Vale a pena voltar a olhar para este veículo. Os gestores e os novos FIPs que estão surgindo agora estão mais seguros. Os fundos oferecem garantias mais adequadas. Claro que temos de buscar sempre aprimorar as boas práticas de gestão dos FIPs. Mas precisamos superar o medo dos investidores em relação a esse veículo de investimento. Ainda mais agora que se pretende retomar o ciclo de crescimento da economia do país. É uma ferramenta importante.

Momento é diferente
Algumas experiências com FIPs nos últimos anos foram prejudicadas pelo cenário macroeconômico do país. Os ciclos anteriores de redução dos juros também não se sustentaram. Foram artificiais. O momento atual é bem diferente. O nível atual de juros mostra que chegou para ficar. E devemos lembrar também que não foram todos os FIPs que não deram certo. Muitos deles deram certo. É o caso de inúmeros fundos florestais que estão aí, mostrando sua viabilidade como investimento seguro de longo prazo. Outros FIPs imobiliários sofreram com a crise, claro que sim, mas têm condições de se recuperar.

Melhoria na estruturação de produtos
O momento atual do mercado é bem diferente do período anterior. Notamos uma melhoria na estruturação dos produtos, com maior qualidade. A questão das garantias foram corrigidas. Veja também o exemplo dos FIDCS, que também tiveram problema no início, lá atrás, e que hoje, a maioria deles, se mostra bastante viável como alternativa de investimentos.

Mitigação dos riscos
Sempre tem risco é verdade. Mas as garantias podem minimizar bastante esse risco. Por exemplo, nos FIPs florestais existe a garantia da área de terras. Claro que em um momento de grande estresse, tem garantia que não segura toda a perda, mas os riscos são bastante minimizados. Hoje temos uma visão mais apurada tanto dos gestores de fundos quanto dos dirigentes e profissionais da entidades fechadas. E o mais importante é que são alternativas capazes de garantir um retorno adequado no longo prazo.

Investimentos em saneamento
O setor de saneamento é muito importante para o desenvolvimento sustentável da economia brasileira. Não se pode falar em crescimento sustentável em um país que não tem um sistema adequado de saneamento básico para a maioria de sua população. O Brasil ainda apresenta muitas deficiências neste aspecto. Fora das grandes capitais de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e alguns outros grandes centros, a maior parte do país ainda não conta com um saneamento de qualidade. É uma opção que, se bem estruturada, poderá se tornar uma grande vertente de investimento para as entidades fechadas. é um investimento que poderá ajudar a superar as metas atuariais dos planos.

Marco regulatório
É importante que se avance no marco regulatório, como se está fazendo, para oferecer veículos de investimentos adequados para os fundos. Acredito que as opções de participação podem estar adequadas em termos de risco e retorno. E um ponto importante é o prazo dos investimentos. Estamos prevendo investimentos de longuíssimo prazo, que poderão ajudar no cumprimento das necessidades atuariais.

Relação com investimentos ASG
O setor de saneamento está intimamente relacionado com a busca de investimentos ASG [Ambientais, Sociais e de Governança]. É um setor que permite a união do objetivo de desenvolvimento da infraestrutura com a finalidade social e ambiental. Tudo começa pelo saneamento básico. Não dá pra falar verdadeiramente em investimentos sustentáveis no Brasil se não houver um desenvolvimento do saneamento para a população.

Discussões em alta
Tínhamos formado um Grupo de Trabalho na Abrapp para analisar a questão dos investimentos em infraestrutura e saneamento. Como o marco regulatório demorou a ser aprovado, acabamos descontinuando as reuniões do grupo. Mas agora com a perspectiva de aprovação do marco regulatório, que já passou na Senado na semana passada, e só falta a sanção presidencial, devemos retomar essa discussão.

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