Esses 5 hábitos poderão arruinar o seu futuro
30/6/2020
Falar em previdência e planejamento financeiro é muito mais do que uma questão técnica e numérica. É comportamental e está muito relacionada com a visão de mundo de cada pessoa.
“É a forma como você enxerga o futuro e a importância dele na sua vida”, resume Érico Veras Marques, professor do Mestrado e Doutorado em Controladoria da Universidade Federal do Ceará, pesquisador de finanças comportamentais e autor do livro “Gestão financeira familiar - como as empresas fazem”.
Para o pesquisador, planejar a aposentadoria inclui fazer escolhas no presente, não apenas financeiras, relacionadas a investimentos e formas de poupança, mas também em outras áreas da vida.
- A aposentadoria tem outros investimentos além do financeiro. Podemos falar da família, amigos, saúde, capacidade intelectual, qualidade de vida. Isso tudo vai se refletir no futuro - defende.
Para ilustrar, ele conta a história real do Sr. Artur (nome fictício).
- Ele foi funcionário público de um grande banco, construiu um patrimônio relativo e tinha vários imóveis. Ao longo da vida, casou-se e separou-se várias vezes e isso fez com que tivesse problemas familiares. Nunca olhou para a vida financeira, porque achava que estava com o futuro todo garantido. Ele acabou saindo da instituição financeira em que trabalhava, teve seu patrimônio praticamente acabado e chegou na idade de se aposentar, sem aposentadoria adequada. O patrimônio dele acabou e estava sem dinheiro, inclusive para pagar o seu plano de saúde - conta.
A história do Sr.Artur não é muito diferente de outras pessoas. O que existe em comum entre elas é a prática destes 5 maus hábitos.
1 - Não viver de acordo com a própria condição econômica
Assim como uma empresa, uma família tem receitas e despesas. Se o patamar de despesas sobe acima das receitas, haverá prejuízo.
- Isso leva, num primeiro momento, a um processo de não poupança e, em um segundo momento, de endividamento. Eu diria que o grande vício é não conseguir ter uma vida equilibrada dentro das suas condições econômicas. Não existe consumo ruim, existe consumo indevido, além das condições - argumenta Érico Veras.
2 - Usar o crédito de forma errada
- O crédito é o inverso da poupança: é o uso de um recurso que eu ainda vou receber. Eu não tenho um recurso e começo a gastá-lo antecipadamente - explica o economista.
Muito desse mau uso do crédito vem do forte apelo ao consumo associado a um hábito bastante perigoso de se comparar aos outros.
- Essa nossa comparação e essa necessidade (de compra) que a gente cria na cabeça fazem com que tenhamos hábitos de consumo que nos levam a gastar mais do que temos condições e isso leva ao processo de endividamento - analisa o professor.
3 - Poupar SE e QUANDO sobrar
O forte apelo ao consumo leva as pessoas a consumirem cada vez mais no presente, sem pensar no futuro.
- E o poupar nada mais é do que fazer uma escolha entre o presente e o futuro. Na hora que eu poupo estou abrindo mão de fazer algo no presente em função de acreditar que vou precisar disso no futuro - explica o pesquisador.
Outro erro é poupar só o que sobra.
- Se eu ganho R$ 2 mil líquidos, eu vou tirar 10% desse valor e vou dizer o seguinte: A minha renda líquida é R$ 1.800. Então quem eu paguei primeiro? Paguei primeiro a minha pessoa, olhando para o futuro. Mas nós temos muita dificuldade disso, porque o futuro é amanhã e estamos sempre dizendo ‘amanhã eu começo’ - alerta Érico Veras.
4 - Não estudar sobre investimentos
Se você consegue poupar e entende a importância de se preparar para o futuro, mas erra quando não busca aplicar a sua renda no melhor investimento financeiro, pode acabar perdendo dinheiro. Por isso, é preciso estudar e entender sobre as opções de investimentos existentes no mercado, os custos e riscos de cada uma, para escolher a que melhor se encaixa no seu perfil de investidor.
- Quando você começar a efetivamente ter mais recurso para poupar vai ter que estudar, não tem jeito. A melhor pessoa para cuidar do seu dinheiro não é o gerente do banco. É você - afirma.
5 - Não entender que a vida é feita de hoje, de amanhã e de riscos
Viver acreditando que só existe o presente, que tudo vai dar certo e não vão existir problemas no futuro é um risco alto para quem deseja tranquilidade na aposentadoria. É como quem compra um carro e não coloca seguro confiando na sorte de que nunca sofrerá nenhum dano.
- A vida é feita de hoje, de amanhã e de riscos. Precisamos respeitar essas três variáveis. Nosso maior vício é entender que só existe o hoje e achar que em função disso é para consumir o que se tem e não haverá problema. É preciso ter uma vida hoje que contemple o imprevisto e enxergue o amanhã - ensina o professor Érico Veras.
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