Acessibilidade

Reformar não é suficiente. É preciso fomentar a cultura previdenciária

Reformar não é suficiente. É preciso fomentar a cultura previdenciária

Ver informativoVer informativo

Reformar não é suficiente. É preciso fomentar a cultura previdenciária

9/12/2018

O novo governo ainda não tem um desenho de reforma da Previdência a ser adotado, mas a proposta a ser apresentada será de autoria da equipe econômica do presidente eleito, Jair Bolsonaro. A afirmação foi feita no último dia 22 de novembro, pelo economista Carlos Alexandre da Costa, responsável pela agenda de produtividade na equipe do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.

É fato que após o pleito eleitoral, um dos assuntos mais comentados entre cidadãos e opinião pública é a reforma da Previdência. Isso porque é um tema de extremo interesse para o governo, bem como essencial para as pessoas, uma vez que todo trabalhador espera um benefício e dependerá dele quando se aposentar.

Mas independentemente do que vá ocorrer com a trajetória de discussões, há algo que não se pode negar: em algum momento de nossas vidas vamos desejar parar de trabalhar, ou não teremos condições para fazê-lo. E para essa fase, precisamos ter uma fonte de renda que nos permita viabilizar nossos projetos e nos possibilite viver dignamente.

O PODER DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA E PREVIDENCIÁRIA

Para Rafael Laynes Bassil, advogado especialista em Direito Previdenciário, definir o melhor momento de se aposentar é sempre muito pessoal, porque envolve fatores econômicos, físicos e sociais.

- Para tanto, é necessário promover a conscientização da sociedade a respeito da importância de acumular recursos financeiros no longo prazo e ações educacionais com o propósito de informar a população sobre seus direitos e deveres, fomentando a proteção social e o conhecimento previdenciário - afirma.

A educação financeira, de acordo com o especialista, pode promover a compreensão da mudança do ambiente de aposentadoria, a consciência da necessidade de poupar para o futuro e o entendimento sobre a aposentadoria. Já a educação previdenciária deve ser abordada de modo a esclarecer a população sobre a necessidade da inserção no regime previdenciário e a real dimensão do que é a Previdência Social e a sua importância para a proteção do trabalhador e de seus familiares.

INCENTIVO AO CRÉDITO SEM EDUCAR É UM CAMINHO PERIGOSO

As recentes discussões em torno da reforma da Previdência têm levado cidadãos de todas as classes sociais a refletirem sobre a importância do planejamento financeiro para o período pós-laboral. No entanto, para Rafael Laynes, o estado, em parceria com a sociedade, deve focar cada vez mais no assunto.

- Para boa parcela da população, a ideia do crédito fácil é tida como critério de inclusão, em que o status é medido de acordo com seus bens, induzindo a utilizar-se dessas facilidades para satisfazer certas necessidades que lhe são impostas. Nesse aspecto, em busca do prazer instantâneo e sem se preocupar com o futuro, os brasileiros gastam despreocupadamente, sem saber nem sequer quanto de juros estão pagando por seus impulsos - afirma o especialista.

Ele ressalta que uma reserva mensal de dinheiro para a aposentadoria acaba sendo trocada pela parcela de financiamento de um carro, por exemplo.

- A sociedade é bombardeada por ofertas de crédito fácil e gasta dinheiro abusivamente, sem ter tido qualquer instrução sobre como se comportar diante dessa realidade, o que faz com que pessoas contraiam empréstimos e cheguem a uma situação de endividamento, acarretando problemas pessoais, familiares e sociais - complementa.

Se, por um lado, há um maciço incentivo para o crédito e o consumo até mesmo por parte de instâncias políticas do governo, por outro Rafael acredita que ainda são poucos os investimentos em programas de educação financeira. E baixos níveis de educação financeira têm grande implicação para o contexto da aposentadoria, tanto no que diz respeito ao Regime Geral da Previdência Social quanto no que concerne ao sistema de previdência privada.

- A educação financeira e a educação previdenciária não estão dissociadas, visto que a educação previdenciária é uma vertente da financeira. É necessário capacitar o cidadão e explicar o porquê da educação previdenciária e sua importância para a vida. Buscando a obtenção de poupança futura para a manutenção do consumo e do bem-estar, a educação previdenciária é a principal condicionante para se atingir o desejado nível de poupança - justifica.

Para finalizar, Rafael ressalta que a cultura previdenciária tem sido objeto de lento e constante desenvolvimento. “Nada mais natural, portanto, que ainda estejamos em momento de fixação de ideias e medidas em relação à educação financeira e previdenciária em busca de uma estabilização que a perspectiva de vida futura demanda”, ressaltou.

Avalie este conteúdo!
Em uma escala de 0 a 10, o quanto você recomendaria esse conteúdo para um amigo/familiar?
Obrigado pela sua participação!
Pessoas como você fazem da Capef um lugar melhor para todos :)
Erro ao enviar a pesquisa.