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Se eu pudesse voltar ao passado

25 de julho de 2022

Se eu pudesse voltar ao passado

25 de julho de 2022
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Se eu pudesse voltar ao passado

24/6/2022

É sempre tempo de refletir. Olhar para o passado, analisar o presente e se preparar para o futuro deveria ser uma atividade permanente na nossa rotina. Afinal, a história se constrói no agora a partir das decisões que tomamos ontem. E o amanhã? Dizem que a Deus pertence, mas preferimos acreditar que Ele ajuda quem se prepara - seja no âmbito da saúde, da família e até do dinheiro.

Experimente mudar a sua perspectiva. As crianças são os seres mais honestos do mundo. Já pensou em conversar frente a frente com uma delas? Questionar, perguntar coisas abstratas sobre a vida e entender a sua pequena/grande visão de mundo? E com alguém que já está no futuro? Que já viveu muito, tem bastante experiência e histórias para contar?

Resolvemos trazer essa experiência para vocês!

Conversamos com um Capefiano, que tem uma bela trajetória no Banco do Nordeste e, hoje, é presidente do BNB Clube: José Mauricio de Lima da Silva.

Mauricio é formado em Jornalismo pela UFC, com MBA em Gestão Empresarial pela FIA/USP e formação para Conselheiros de Administração pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Foi gerente dos ambientes de Comunicação e de Programas Especiais e Fundos de Pesquisa, além de gerente executivo do Centro Cultural Fortaleza. No BNB Clube, foi diretor cultural por duas gestões.

Tivemos um bate-papo enriquecedor com esse amante da cultura. Acompanhe:

Capef - A aposentadoria é o que você imaginava quando era mais novo?

Mauricio - "Comecei a trabalhar no Banco do Nordeste aos 15 anos e lá fiquei por 40 anos, sete meses e um dia. Passei mais tempo do que esperava e menos do que poderia. Na verdade, na juventude, nunca pensei muito na aposentadoria. Aliás, nunca pensei em viver tanto. Tem pessoas que ficam guardando coisas para fazer quando se aposentar. Guardam livros, quebra-cabeças, inventam hobbies.

Eu sempre busquei viver intensamente cada momento, desenvolvendo duas ou três atividades simultaneamente. Em determinado período que passei no Banco, em que o salário não cobria as despesas, cheguei a ter outros dois empregos simultaneamente. Consegui desenvolver uma carreira paralela no jornalismo, esse sim um sonho de infância, que não me permitiu a acomodação, já que sempre fui muito irrequieto."

Capef - Qual é a melhor parte de se aposentar? E a mais desafiadora?

Mauricio - "A melhor e a pior parte são a ausência de rotinas. No primeiro dia da minha aposentadoria, em que havia resolvido não fazer absolutamente nada, consegui viabilizar o casamento de duas amigas que precisavam legalizar a união – e não dispunham de dinheiro – para garantir a posse de um imóvel comprado conjuntamente. Liguei para algumas pessoas, consegui o dinheiro para o casamento e um reforço financeiro para custear o tratamento de saúde de uma delas.

Em outras oportunidades, cheguei a passar dois ou três dias sem fazer nada, em frente a TV, maratonando séries. E gosto muito disso. Gosto de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, mas gosto também de não fazer nada. Ou seja, do jeito que tiver, pra mim, está bem. Posso ser feliz com 10 mil ou com 1 mil. Se bem que com 10 mil é melhor, né?

Quando estava planejando me aposentar, a única coisa que não queria era ter que sair do Banco e ir atrás de remuneração fora. Tive um bar que, em que pese render pouco, me permitia o contato diário com um grande número de pessoas, lidar com músicos, coisas que sempre gostei de fazer.

Paralelamente a isso, tenho intensa atuação social. Fui presidente do Conselho de Administração do Instituto Nordeste Cidadania e fui eleito, no ano passado, para presidir o BNB Clube. São atividades voluntárias, não remuneradas, mas que permitem-me usar meu conhecimento e habilidades em prol de um grupo maior de pessoas, devolvendo à coletividade um pouco do que recebi. Estudei em escola pública, em universidade pública e trabalhei num banco público a vida toda. Então, tenho que tentar devolver mesmo."

Capef - Se você pudesse voltar ao passado, mudaria alguma coisa na sua trajetória?

Mauricio - "Sou muito orgulhoso da minha trajetória e das escolhas que fiz na vida. Posso justificar cada decisão que tomei no passado. No máximo, acho que poderia ter cuidado mais da parte física, ter me dedicado um pouco mais às atividades esportivas, ser menos sedentário, cuidar mais da saúde. Mas, de uma maneira geral, estou muito satisfeito com tudo o que fiz e continuo fazendo."

Capef - E na vida financeira, faria algo de diferente?

Mauricio - "Venho de uma família de renda muito baixa. Meu pai conseguiu comprar a casa própria com mais de 50 anos. Moramos muito tempo de aluguel. Isso certamente teve impacto na minha decisão de, sempre que foi possível, investir em imóveis. Como nunca fui econômico, tinha que inventar prestações para não gastar o salário todo. Nunca cultivei hábitos caros, nem gostei de carros novos e roupas de marca. Assim, a recuperação salarial que tivemos depois dos anos 2000 me permitiu fazer alguma reserva que, mesmo com a abrupta redução de remuneração após a aposentadoria, me possibilitou viver confortavelmente com o benefício do INSS e a remuneração do plano CV da Capef."

Capef - Que conselho você dá para o jovem que ainda tem tempo de fazer escolhas mais sábias em relação ao seu dinheiro?

Mauricio - "Não sei se ousaria dar conselhos a ninguém! (risos) Fazer um plano de previdência privada é fundamental, mas sabendo que não vai manter a mesma renda. Então, além do plano CV, tem que guardar um pouco mais para o tempo das vacas magras. Mas não pode esquecer de viver cada dia."

Ensinamentos fortes de um homem cheio de surpresas. Mauricio, a você, o nosso muito obrigado!

E a vocês, leitores, que fique o ensinamento: ter orgulho de si mesmo e da sua própria trajetória é um dos passos para a felicidade.

Ah! E, nesse caminho, conte com a Capef!

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