Dinheiro traz felicidade?
13/9/2022
Um dos assuntos mais comentados da atualidade é a saúde mental. Bastante em voga de uns anos para cá, ganhou ainda mais força no período de coronavírus, especificamente durante e pós-lockdown, quando a sociedade se viu obrigada a realizar a quarentena e o isolamento social como forma de tentar conter o avanço da doença. O resultado disso foi um número enorme de indivíduos convivendo com a sua própria presença, com o medo e com incertezas.
Somado a isso, o mundo não parou de girar. O trabalho precisava ser feito, a família carecia de atenção e a comida necessitava entrar em casa. A pressão que esse combinado de agravantes causou na população como um todo afetou o psicológico de todos. Inclusive, a OMS publicou um estudo que explica que, no primeiro ano de Covid-19, os índices globais de ansiedade e depressão aumentaram em 25%.
Os resquícios deste período seguem até hoje, por isso, mais que nunca, necessita-se falar sobre o Setembro Amarelo. A ação existe desde 2014 e foi criada pela Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM e alerta sobre os cuidados com a saúde mental.
A campanha de 2022 tem como temática “A vida é a melhor escolha!” e está mais atual que nunca. Segundo o site SetembroAmarelo.Com, "são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de 01 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia".
Depressão e ansiedade têm impacto significativo nesses números e ambas podem ser agravadas por uma vida financeira instável. Muito embora, no fim das contas, o dinheiro não consiga "comprar" saúde, consegue bancar situações positivas e benéficas para a qualidade de vida: boa alimentação, moradia adequada, momentos de lazer. A falta dele, por sua vez, gera momentos de estresse, cobranças e preocupações sobre quais contas pagar.
Dinheiro ainda é considerado um tabu na nossa sociedade. Todo assunto sobre o qual as pessoas não conversam tem uma grande chance de virar um problema complicado para ser resolvido posteriormente. Não dialogar a respeito da vida financeira não elimina os problemas e as preocupações - elas podem até ser potencializadas pela falta do discurso aberto, principalmente envolvendo cônjuges e familiares.
Em 2020, o SPC publicou uma pesquisa que atestou o seguinte: "Oito em cada dez inadimplentes (82,2%) afirmaram ter sofrido com algum tipo de sentimento negativo ao descobrir que estavam endividados". E mais: a ansiedade atingiu 63,5% dos entrevistados; estresse e irritação, 58,3%; tristeza e desânimo, 56,2%; angústia, 55,3%; vergonha, 54,2%.
Diante de tantas pesquisas e números comprobatórios, entende-se que a vida financeira tem impacto considerável na saúde mental das pessoas. Por esta razão, convidamos a psicóloga Ana Cristina, especializada em atendimento clínico, com mais de 20 anos de experiência em escolas, universidades, hospitais e instituições públicas, para um bate papo acerca do assunto. Acompanhe:
Capef - O que você acha do ditado "Dinheiro não traz felicidade"?
Ana Cristina - É hipocrisia afirmar que dinheiro não traz felicidade, pois essa frase se aporta em paralelos totalmente descontextualizados da realidade da vida. No sistema de produção capitalista, valores monetários formam a base de todas as relações. A dor dos infortúnios causada pela falta dele é um grande problema de saúde mental e, ocasionalmente, física. Talvez o discurso tenha sua porcentagem de exagero - ele não é a felicidade propriamente dita, mas é por meio dele que conseguimos pagar por bens e situações que nos proporcionam bem-estar.
As necessidades materiais básicas para se viver com dignidade, como comida, abrigo, vestimenta, remédios e os demais itens que, com tanto esforço, pagamos ao final de cada mês, são resolvidas com dinheiro. Ele pode ser visto como uma oportunidade para se alcançar a felicidade (que também é um conceito subjetivo), desde que seja bem administrado.
Capef - Você acredita que uma vida financeira estável impacta a saúde mental das pessoas?
Ana Cristina - É uma afirmação correta na sua totalidade. Quando saímos do eixo de estabilidade na vida financeira, a tendência é aumentar os níveis de ansiedade e depressão, especialmente diante dos problemas causados pela falta de dinheiro. É delicado falar sobre o assunto, pois as consequências podem ser muito graves, levando as pessoas a se sentirem frágeis e sem perspectiva na vida. A fragilidade em passar por esse processo de não ter dinheiro pode levar a decisões mais radicais, como o suicídio, pelo simples fato de se acharem incapazes de resolver seus problemas.
Todos nós estamos sujeitos a, um dia, passar por esse tipo de situação, tendo dificuldades para pagar as contas ou viver com o mínimo de dignidade. O momento atual é de incertezas, com diversos setores sofrendo quedas e altos cortes. Reinventar-se e superar os obstáculos pode ser um desafio maior para algumas pessoas do que para outras. Por isso, é de suma importância discutir a relação entre saúde financeira e saúde mental - uma impacta diretamente na outra.
Capef - Que dica você daria para as pessoas que estão passando por um momento financeiro difícil em relação à saúde mental?
Ana Cristina - Primeiramente, buscar ajuda é essencial. Divida a sua dor, seja com alguém próximo ou com um profissional da psicologia. A ajuda recebida, na maioria das vezes, não vai ser efetivamente com alguém pagando suas contas, mas o apoio emocional pode fazer a diferença. Em seguida, é necessário buscar ações efetivas para sair da situação, sempre com muita racionalidade e proatividade. Apesar de ser difícil, o desânimo não pode vencer a luta.
Saliento, para fechar o nosso papo, a necessidade de se falar mais sobre os assuntos saúde mental e saúde financeira. Uma situação difícil não define quem você é. A sua vida importa e merece ser vivida intensamente!
Uma conversa inspiradora para nos fazer pensar, seja para buscar ajuda ou para estender a mão a pessoas próximas que precisam de apoio. Viva o Setembro Amarelo na sua totalidade, não somente nas redes sociais. Abra seu coração e sua mente!
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